Cidade do Rio - De braços abertos como o Rio de Janeiro

Os pecados estruturais cometidos pelo Rio na Jornada Mundial da Juventude

Publicado por cidadedorio em 29/07/13 | Rio

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Multidão na saída do túnel novo em Copacabana

Por André Delacerda e Diogo Fagundes,

A Jornada Mundial da Juventude trouxe milhares de pessoas ao Rio de Janeiro. A alegria e a fé dos jovens de várias partes do Brasil e do Mundo contagiaram as ruas da Cidade Maravilhosa e o Carioca. O Papa Francisco foi acolhido com muito carinho e se sentiu em casa.

Estima-se que mais de 1 bilhão foi injetado na economia da cidade. Mas nem tudo foi um mar de rosas. Problemas de infra-estrutura nos locais dos principais eventos e de transportes marcaram a semana na Jornada Mundial da Juventude.

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A alegria dos peregrinos no Aterro do Flamengo

– Estimativa de público

Parece que as nossas autoridades e os organizadores subestimaram o público e não imaginaram que receberiam um número tão grande de estrangeiros. Mesmo com alegria, fé e bom humor os peregrinos reclamaram dos transportes e sinalização. Os cariocas tiveram dificuldades enormes para se locomover e nem mesmo o feriado instituído pelo poder público municipal minimizou as dificuldades.

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Mesmo com chuva peregrinos de todo o Mundo contagiaram com alegria o Rio

– Alagamento do Campus Fidei

O primeiro dos problemas enfrentados pela Jornada Mundial da Juventude foi natural, choveu bastante por vários dias, e também fez bastante frio, mas isso não tirou a alegria dos peregrinos que enfrentaram a chuva com muito ânimo nas ruas cariocas.

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Campus Fidei alagado e com bastante lama

O que a chuva trouxe de fato foi uma enorme dor de cabeça para as autoridades e organizadores. O Campus Fidei, projetado para receber o Papa e a Vigília em Guaratiba se transformou num mangue. A área inclusive era uma APP – Área de Proteção Permanente.

A impressão é de que o local foi planejado somente para eventos com sol e sem chuva. Alguém se esqueceu que poderia chover?!

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Visão geral do Campus Fidei completamente encharcado 

E o pior aconteceu, o Campus Fidel virou um mangue. Parece que as autoridades locais tão acostumadas com os problemas do Rio de Janeiro abstraíram as condições climáticas e geológicas do local, se esqueceram de consultar os moradores locais que certamente diriam pela vivência se a região alaga e se tem outros problemas.

Se esqueceram de fazer um plano B? Imagina se não tivéssemos Copacabana para salvar a Vigília. Como seria? Gastou-se tempo, recursos e frustou-se as pessoas da Zona Oeste de acolher um evento tão bonito.

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Ao final do evento em Copacabana cariocas e peregrinos enfrentavam longa caminhada

– Transportes

Quem viu e vivenciou as enormes filas para entrar e sair de Copacabana, o erro no trajeto de chegada do Papa e a pane de duas horas do Metrô. Percebeu que a cidade ainda não está preparada para eventos deste porte. Faltou um planejamento mais apurado. Com a cidade recebendo tanta gente a estratégia deveria ser reforçada e atenção redobrada.

Algumas perguntas estão ecoando…

Faltou comunicação entre as autoridades sobre o percuso de chegada do Papa? Porque resolveram fazer uma obra nos cabos do Metrô logo em um período de grande demanda de passageiros? Subestimaram o fluxo de pessoas em Copacabana? Acharam que era um Reveillon? Não imaginaram tanta gente de fora, principalmente estrangeiros, e que não conheciam as saídas do bairro?

Resultado: Papa entrando em ruas erradas. Metrô deixando na mão milhares de pessoas por conta do acidente na fiação. Milhares de pessoas demorando mais de duas horas para sair de Copacabana.

Mas outros problemas de transportes permearam a Jornada, faltou explicar aos estrangeiros e nacionais que os ônibus da linha BRS não param em qualquer ponto. Faltou pessoas nos pontos de ônibus orientando. Porque a RioÔnibus e a Prefeitura não pensaram nisso? E sobraram também enormes filas no metrô.

Não podemos nos esquecer do incômodo que os moradores de Copacabana viveram sem poder se locomover de carro no bairro, compreensível devido a transferência da Vigília, mas incompreensível pois as autoridades não simularam um problema deste porte.

– Desencontro das autoridades

O que não se pode é o empurra-empurra de alguns setores… joga-se a culpa para o Comitê Organizador, para o Governo Federal, para a Prefeitura, mas, ninguém quer assumir o erro. E assim, ficam só pedindo desculpas. O certo em um momento como esse é ser humilde, não ficar querendo polemizar com Chicago e encarrar que realmente não fomos competentes para gerir as crises ocorridas durante a JMJ Rio.

Certamente são esses problemas que farão que nossas autoridades e os comitês organizadores dos próximos eventos, que o Rio de Janeiro vai sediar, façam as devidas correções e um planejamento mais detalhado.

A Jornada Mundial da Juventude teve ponto fracos, mas foi um sucesso, pois transcorreu durante uma semana com muita paz, fé e alegria. Estão de parabéns os Cariocas que foram tolerantes mesmo com as dificuldades enfrentadas, e também, os jovens de todo o mundo que souberam interagir com a cidade e compreender nossas limitações.

Que as lições da Jornada Mundial da Juventude nos façam mais maduros e ativos na realização de próximos eventos.