Guia de História Natural do Rio de Janeiro
Publicado por blogcidadedorio em 18/08/12 | Rio, Site
“Fiz uma longa caminhada para observar a geologia de algumas montanhas que cercam a região. Após passar algum tempo em veredas sombreadas por cercas vivas de mimosas, peguei um desvio por uma trilha rumo à floresta. Mesmo a uma pequena distância da cidade, a mata é muito quieta e erma como se o homem civilizado jamais tivesse entrado ali. O caminho [duas palavras apagadas] contra a montanha: a uma altura de 500 ou 600 pés [152 ou 182 m], pude admirar uma dessas vistas esplêndidas que talvez possam ser contempladas de cada canto do Rio. Nessa elevação, a paisagem atingiu seu tom mais brilhante. Não sei que epíteto tal cena merece: bonito é modesto demais. Cada forma, cada cor é um exagero completo do que já se viu antes. Se é possível fazer tal comparação, é como se fosse uma das cenas mais alegres na ópera ou no teatro”.
Esse interessante relato foi escrito em 1º de junho de 1832 pelo naturalista Charles Darwin (1809–1882), pai da Teoria da Evolução, quando em sua visita a Cidade do Rio de Janeiro. Conheceu o Pão de Açúcar, o Corcovado, o Jardim Botânico, a Floresta da Tijuca e outros locais pitorescos dessa cidade, registrando pacientemente suas observações no que viria a ser conhecido como O Diário do Beagle (HMS Beagle era o nome de sua embarcação). Viajando por boa parte do litoral fluminense (Cabo Frio, Macaé, Niterói, Rio de Janeiro etc.), Darwin pode observar e se encantar pela riqueza de fauna e flora encontradas por aqui, em especial com a variedade de insetos da região.
Passados quase dois séculos dessa ilustre visita, algumas coisas mudaram no Rio de Janeiro. A ocupação urbana, a distribuição ou extinção de determinadas espécies, a relação do homem com a natureza. Outras coisas permaneceram, como as formações geológicas, por exemplo. O processo histórico, entretanto, soma de todos estes, continua, modelando a realidade, as experiências, os saberes.
Acreditando nisso é que o Instituto Cultural Cidade Viva, em parceria com o Governo do Estado e do Instituto Light, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, lançou ontem, em evento no Planetário da Gávea, o Guia de História Natural do Rio de Janeiro. Publicado pela editora Cidade Viva, o livro é dividido em quatro partes principais; Ambiente Físico, Ecossistemas, Biota e Conservação de ecossistemas.
O Parque Nacional da Tijuca também está lá, claro, na parte quatro. Após enumerar as principais Unidades de Conservação do Estado, Claudio Belmonte Bohrer e Patrícia Moreira, dois dos mais de dez autores do Guia, versam sobre a exuberância do Parna-Tijuca e sua importância ambiental. Com cliques de alguns dos mais reconhecidos pontos da Unidade, como Pedra da Gávea, Cascatinha Taunay e Parque Lage, o leitor ganha mais uma referência para conhecer e aprender sobre o Parque.
Geomorfologia, Geologia, Clima, Flora, Expansão Urbana e Oceanografia são alguns dos temas abordados pela publicação, que através de textos e fotos, apresenta de maneira simples e prazerosa um belo guia de história natural do Rio. E, como sintetizam MV Serra e Maria Teresa Serra no texto de apresentação: “não há quem fique indiferente à natureza no Rio de Janeiro”.