Já nascemos aventureiros
Publicado por cidadedorio em 15/10/17 | Aventura, Destaques da Home
Pela aventureira Elisa Eisenlohr
Sempre me considerei uma aventureira de carteirinha. Já viajei sozinha pelo mundo, mergulhei com tubarões, desbravei 5 continentes, escalei vulcões, acampei em uma ilha deserta… enfim… muita aventura na veia, mas a maior delas foi ter filhos. Foi depois de ter meus dois pequenos que descobri que já nascemos desbravadores e vamos ficando mais medrosos ao longo dos anos.
Para as crianças, cada descoberta é uma aventura. Com eles aprendi a observar e dar mais valor a pequenas coisas do dia-a-dia. Quando começam a engatinhar, cada pequeno detalhe da grama vira um mundo. Levá-los para fazer uma trilha, é o mesmo que redescobrir cada pedacinho dela e observar tudo com uma lente colorida na frente.
E essa curiosidade pelo mundo, os transforma em pequenos destemidos desbravadores. Meu filho mais velho não pode ver uma pedra no meio da trilha que quer subir para descobrir um novo ângulo. E eu acredito que faço um bem a ele ao deixá-lo explorar e experimentar subir na tal pedra sem excesso de proteção. Claro que eu zelo pela sua segurança, mas ao longo do tempo, percebi que, quando não estou ali atrás segurando-o pelos braços a cada passo, ele consegue analisar e planejar melhor sua ação e respeitar seus próprios limites. Se eu o ajudasse em tudo, ele aprenderia a confiar na minha avaliação, em vez da sua própria.
Ele raramente tem medo… Já andou a cavalo sozinho numa boa, nadou em cachoeiras, mas quando chega perto do mar… nem colocar o pezinho na água ele coloca. Respeito isso. Quando o medo se apresenta, procuro avaliar e entender o ponto de vista dele. Tento ensinar como se comportar com o mar, que obviamente apresenta perigos como qualquer coisa guardadas as devidas proporções.
Mas a ideia principal que quero passar aqui é que grande parte dos nossos medos vêm de fora. Nascemos desbravadores e os medos muitas vezes são aprendidos por conta das experiências dos nossos pais ou de pessoas próximas. E, quando conseguimos vencê-los, as possibilidades que se apresentam na vida são quase que infinitas. É possível até mesmo VOAR! Sim, voar… falo em sentido figurado e no sentido literal.
Sou um pouco conhecedora do medo. Tenho os meus próprios, mas também lido com o medo no dia a dia quando levo pessoas para fazer voos de parapente. Este dia das crianças foi a primeira vez que levei meu filho, Thomas de 3 anos, para voar. E foi também a primeira vez que vi alguém que apresentou absolutamente nenhum tipo de ansiedade, nervosismo ou receio de voar. Nas fotos dá para ver a carinha dele de absoluta felicidade sem uma ruguinha de preocupação. Para mim, esta foi a prova definitiva de que aprendemos a ter medo. Como ele cresceu com pais voadores, o céu nunca foi um limite.
Espero um dia também fazer com que meu filho aprenda e conheça o mar a ponto de superar seu pavor.
Mas a boa notícia é que é possível aprender a superar o medo, sim. Respeitando os limites de cada um, mostrando quais são os perigos reais e quais são aqueles que só estão na nossa cabeça, aos pouquinhos dá para vencer esta barreira. E quando ela é quebrada, um mundo novo se abre à nossa frente. O voo livre pode proporcionar esta nova perspectiva de vida para as pessoas e é realmente uma ferramenta de empoderamento transformadora. Por isso eu adoro este trabalho! Levar pessoas para voar também significa apresentá-las a novas possibilidades, quebrar barreiras.
Elisa Eisenlohr é jornalista, administradora, mãe do Thomas e da Mia e nas horas vagas gosta de voar, o que lhe rendeu este ano o título de campeã brasileira de parapente. Para agendar um voo, entre em contato! (21) 98183-8654 (Fabrício)