Refém dos royalties do petróleo
Publicado por cidadedorio em 26/11/12 | Rio, Site
Editorial da Semana
Por André Delacerda / Diogo Fagundes
Hoje se realiza na Avenida Rio Branco um grande protesto em defesa dos royalties do petróleo do Estado do Rio de Janeiro. A manifestação que contará com vários setores da sociedade fluminense, se faz devido a nova redistribuição dos royalties aprovada pela Câmara dos Deputados. Estima-se que o Rio de Janeiro perca mais de 2 bilhões de reais com a diminuição desses repasses que iriam para outros Estados da federação.
O Governo do Estado do Rio de Janeiro diz que pode cortar programas importantes, caso perca o repassa dos royalties, recursos que são a fonte de manutenção de muitos projetos. Hoje o projeto aprovado pela Câmara dos Deputados está nas mãos da presidenta Dilma Rousseff, que pode vetar ou não.
Este editorial não vai focar na manifestação. E sim, no fato de o Estado do Rio de Janeiro ter se tornado refém de uma fonte natural.
E a história tem vários exemplo de nações, cidades e regiões, inclusive no Brasil, que viveram refém de commodities e foram a falência, um exemplo disso, foi a região do cacau, que viveu tempos de ouro, mas que não buscou diversificar sua pauta econômica, com os recursos que entravam na região advindos desta cultura agricola, e se viu na falência quando esta monocultura entrou em crise.
O Rio de Janeiro tem recebido bilhões de reais nas últimas décadas, não se pode dizer que o Estado não tem uma economia em diversificação. Industrias de automóveis se instalaram nos últimos anos, o parque naval tem crescido, siderúrgica tem vindo para o Estado do Rio de Janeiro, e o parque de apoio ao petróleo tem crescido. Mas ainda se ver que a região produtora fluminense que se concentra no norte do estado, continua refém dos royalties, não buscou investir na atrações de industrias e economias complementares.
Parece que os royalties paralisaram os governos e suas populações que acreditam que o ouro negro estará ai para eternidade e que não pode sofrer nenhuma influência que traga prejuízos a produção.
Inclusive o que está acontecendo agora, com a proposta aprovada de redistribuição dos royalties, o que certamente dá um golpe na economia fluminense e em muitas cidades deste estado, que só vivem exclusivamente destes recursos.
Está na hora de o governo e a sociedade discutir com responsabilidade o que se pode ser feito com esses recursos, como estes podem ser empregados para a criação e incentivo a novos setores da economia local, e desenvolver cidades e regiões, sem necessariamente as deixarem reféns somente de recursos de um só produto.
Que a redistribuição que nos ameaça, sirva de alerta, e dispare a luz vermelha que nos leve a repensar a economia deste estado e a forma como que as riquezas advindas do petróleo podem gerar desenvolvimento e fomento de outras atividades.