Residência Terapêutica, um novo conceito no Rio de Janeiro
Publicado por blogcidadedorio em 24/04/12 | Destaques da Home, Site
No Brasil, quando se pensava em abordagem (assistência) a pacientes com transtornos mentais, logo vinha a mente locais como o Pinel, Colônia Juliano Moreira, ou tradicionais clinicas de internacão deste tipo de pacientes.
Porém, um novo conceito tem surgido com uma forte temática baseada na ressocialização, através do modelo da Residência Terapêutica. Isto, é o que vamos descobrir na entrevista a seguir, que busca trazer uma luz a famílias que procuram uma nova visão de tratamento de seus entes queridos.
Cidade do Rio – Como a SIG surgiu com a ideia de montar uma residência terapêutica?
SIG – Iniciamos nosso trabalho com emergências, translados, remoções, transferências psiquiátricas e avaliação médica domiciliar, sempre focando em um serviço humanizado de acordo com a atual abordagem a pacientes com transtornos mentais. Com isso, identificamos que parte da nossa demanda precisava de cuidados intermediários, não mais em nível de internação, porém com uma assistência integral voltada a ressocialização e organização básica dos cuidados do dia a dia. Além disso, o cuidado com as medicações diárias diminuem as chances de um novo episódio agudo e futura internação. Nesta operação identificamos a falta deste modelo de atenção (Residência Terapêutica) para que estes pacientes crônicos possam residir após alta da internação. Começamos a estudar o nicho e unimos nosso objetivo ao tempo para start da primeira residência terapêutica que inauguramos no começo de Março 2012.
Cidade do Rio – A SIG detectou demanda para este modelo de atendimento no Rio de Janeiro?
SIG – Sim, a demanda é muito grande, temos diversas doenças na psiquiatria com curso crônico e prejuízo cognitivo, executivo e social dos pacientes. Esses precisam de uma atenção integral e pela dificuldade dos familiares deixarem suas atividades, os pacientes têm sido cada vez mais institucionalizados. Com base no preceito da reforma antimanicomial, nós, profissionais da área da saúde mental, estamos a cada dia buscando alternativas para reinserir o paciente na sociedade, desinstitucionalizando-os. Pensando assim a SIG resolveu montar um local de convívio e moradia com cuidadoras 24hs, uma residência terapêutica.
Cidade do Rio – Com base na citada reforma antimanicomial o que as RTs e SIG trazem de inovador?
SIG – O conceito básico que norteia a Residência Terapêutica é de que as pessoas com transtornos mentais não precisam ser isoladas da sociedade, sem liberdade e sem convívio familiar por longo tempo em hospitais. A proposta, portanto é de criar dispositivos terapêuticos que fomentem e protejam a individualidade dos pacientes. Nesse sentido, a SIG vai de encontro a esta mudança de paradigma na atenção aos transtornos mentais, mantendo os pacientes inseridos na sua cultura, através de moradias com poucos pacientes.
Cidade do Rio – Como a SIG se propõe a manter esta inserção social em pratica?
SIG – A ideia é manter o paciente participante da cultura, do trabalho e do lazer da sociedade. A SIG, junto ao medico que assiste o paciente, funciona como um facilitador de ações terapêuticas. Um cardápio de atividades externas pode ser elaborado para cada morador, extraindo referências na historia do próprio paciente. Assim como práticas coletivas com participação da família, incentivo aos cuidados pessoais (incluídos outros cuidados médicos) e participação no dia-a-dia da residência.