Por Cassia Carvalho,

“A Dama do Mar”. É incrivelmente atual o texto clássico (Henrik Ibsen – dramaturgo norueguês do Século XIX) que discute sobre a liberdade da mulher e o cárcere das convenções. O apego ao conhecido e o medo risco. Me surpreendeu também a exposição delicada da natureza selvagem da mulher, seus relacionamentos afetivos e sua domesticação.

O grupo teatral, vez por outra, falava na terceira pessoa referindo-se a um dos personagens presentes, fato que deixou os diálogos muito interessantes. O figurino de época foi graciosamente adaptado.

O drama é vivido por um casal, duas filhas (enteadas da mulher Ellida), um professor, um marinheiro e um pretenso artista.

Gostei muito da cena de estresse (diminuição da perspectiva de vida e insatisfação crônica) vivido pela sonhadora filha mais velha (Renata Guida) que desiste de seus ideais optando por uma pretensa segurança. A indumentária de sereia com a cauda de rede representando a saída da mulher do seu habitat natural, como se ela tivesse sido pescada de seu mundo.

Os personagens masculinos são muito bem delineados. O provedor e seu peso (o marido), o libertador e sua inconsequência (o marinheiro), o sonhador e a ilusão (o artista) e o solitário que padece (o professor).

Em muitos momentos fiquei tocada pelo realismo do texto. O público certamente vai se identificar.

Mais informações: A Dama do Mar

02 julho – 24 agosto – Teatro Laura Alvim

Quinta-Sábado 21h

Domingo 20h